GEAN SIMÕES
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Gean Simões nasceu em Tebas – MG, foi militar do exército, residindo em Juiz de Fora, Belo Horizonte, Roraima e Manaus.
Cursou Letas na UFMG e pós-graduação em Filosofia na UFJF.
Publicou Humananimalmente — uma psido-filosofia de existência humana — poesia e A cidade dos bárbaros — um canto de alteridade. Rascunha a data seus versos e os finaliza em lan house. Ainda não aderiu à tecnologia digital.
ENTRELINHAS , VERSOS CONTEMPORÂNEOS MINEIROS. Organização: Vera Casa Nova, Kaio Carmona, Marcelo Dolabela. Belo Horizonte, MG: Quixote + Do Editoras Associadas, 2020. 577 p. ISBN 978-85—66236-64—2 Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Não-ser
A arte tenta tocar, invadir, ousa...
O verme-réptil-rastejante está pesado...
entre lama, areias e lodaçais...
confunde os predadores ou não mais presa.
Preso a critérios...
seu ventre vazio vaga horizontes perpendiculares,
e se aferra à terra... quase Ser...
e a certeza do Nada que lhe invade!
O inconsciente, a arte ousa...
tocar rememoráveis arquivos já deletados!
Perdeu o seu passado e a morte o repudia...
sua aderência à terra... o ocidente perdido!
Não cheira mal, lameja e flutua no seu ventre
de serpente,
de várias epidermes e sem instintos...
tudo lhe refugia...
Agora imóvel, vê no espelho da lama o que era dia,
mergulhar na escuridão...
Imagina astros opostos que lhe oferecem luz refratada
mas sua imagem o refrata!
Se lhe resta o último pensamento...
Esquece a morte e — levita —
Manaus, AM, 06 de maio de 2005
Lotomaníacos
Há sede nos meus caninos...
sangue novo, não!
Carne de corvo...
quem sabe?
Meus dentes estão caindo e
os metais vão me possuindo...
nesse rede descalcificada dos hospedeiros de
omoplata...
ninguém pode se saciar de instintos!
Se um dia repousei nas suas asas,
provei do veneno e o antídoto...
os labirintos esgotos da libido contornando meus
ossos em
pilha,
como a dor é certeza de vida:
desperta, dispersa e nos evita...
Tebas – MG, 20 de janeiro de 2006
Nesses tempos de alquimia
Ouço vozes
nunca falei para o velho sábio
fantasmas caminham ao meu lado...
Fazendo um silêncio absoluto
sabendo do luto que guardo.
Ordenhando nas tetas da insanidade:
faço safari no deserto do lado oposto da mira
Sem que eu perceba
o vento faz a curva do meu dedo no gatilho.
É quando o velho pula da lâmpada
e colhe a miséria comigo.
Belo Horizonte – MG, 2016
As palavras
Inserindo um ritmo inusitado na boca
que valsa e depois samba — o canto inconfesso—
das mesmas pegadas que ouço pela estradas,
ruas e
avenidas
que engolem os meus passos...
Bifurcando-se no mesmo instante...
As pessoas se vendem...
antecipando seus lábios do meu nome
seus corpos não cabem no meu bolso
— Engulo apenas um sussurro — o sabor da
camisinha sem
gosto...
As letras pulsam desertas...
entrando e saindo no sistema
fazendo sexo digital no poema...
Juiz de Fora — MG, novembro de 2009
*
VEJA e LEIA em outros poetas de MINAS GERAIS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/minas_gerais.html
|